A espera na cadeira de Deus.
Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sejam vocês também pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima.(Tg 5.7–8)
E se ao invés de acelerar você pisasse mais no freio? Já faz um tempo que tenho pensado sobre a lentidão. Na verdade, ser “devagar” em nossa época imediatista e instantânea é um grande insulto. Ninguém quer ser lento. O lema de nossos dias é: “Faça mais, melhor e mais rápido.” No entanto, a lentidão faz parte dos processos da vida, nem tudo é rápido como gostaríamos, alguns processos possuem o seu próprio ritmo e não podem ser acelerados. Desta forma, a lentidão leva inevitavelmente à espera.
A fábula da tartaruga e da lebre nos lembra quem que no fim foi realmente bem-sucedido. Em uma era de tantos estímulos, perseverança e resiliência é o que importa. O sábio em Eclesiastes diz: “Aquele que corre mais rápido nem sempre ganha a corrida, e o guerreiro mais forte nem sempre ganha a batalha.” (Ec 9.11)
O homem espera.
Esperar é um verbo que causa chateação em muitas pessoas. Em nossos dias, esperar é sinônimo de perda de tempo e dinheiro. Quem gosta de esperar em filas quilométricas? Todavia, não é este tipo de imagem que o Evangelho quer que cultivemos. Notemos que esperar é uma dádiva divina. De vez em quando, Deus nos entrega uma cadeira para sentar e esperar, pois a espera é o atestado de nossa incapacidade em mudar as circunstâncias da vida. Esperar em Deus é esperar com Deus. Esperar é aguardar com confiança e esperança aquilo que somente Deus pode fazer em nosso favor, no final das contas, a espera nos humilha. “Tendes ouvido da paciência de Jó” (Tg 5.11) e também da paciência de Abraão (Hb 6.15).
“Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Rm 8.25)
Deus espera também.
Esperar faz parte da natureza divina, do seu modus operandi. Deus é longânimo (Rm 2.4) e tardio em irar-se (Êx 34.6). Deus é paciente (Sl 86.15) é o Deus da paciência (Rm 15.5).
Aprender a esperar e ir contra o imediatismo contemporâneo é um grande desafio. Ao olhar para o ritmo da natureza, obra das mãos divinas, a espera é contemplada. Agricultura e jardinagem, por exemplo, são atividades que ensinam a esperar. Não importa o quão apressados estejamos por resultados, cada espécie vegetal, cumprirá o seu devido tempo para seu pleno desenvolvimento. É verdade que, devido à tecnologia, alguns processos podem ser apressados, mas o lugar da espera ainda é bastante latente.
Se as plantas possuem seu tempo, quanto mais as pessoas? Morar em uma cidade pequena me ensinou a ter paciência com as pessoas, pois mudanças significativas e duradouras não são aquelas emocionais, mas são decisões que fermentam em nosso interior por bastante tempo.
Pessoas mudam a seu tempo, por vezes, a mudança é lenta, mas gradual e constante. Não adianta querer puxar pelos cabelos forçando um crescimento instantâneo. Talvez é sobre esse crescimento lento e orgânico que fala a analogia de “plantação de igrejas.” Pessoas e plantas possuem isso em comum. Igrejas são plantadas e crescem de forma saudável ao ritmo de Deus. Algumas mais lentas do que outras. Não é preciso forçar resultados numéricos, o verdadeiro crescimento e amadurecimento não tem a ver com frequência e números, mas no amadurecimento das decisões e na santificação pessoal de cada crente. É o crescimento interno da videira que produz o real resultado.
Deus projetou o seu povo para crescer lentamente como ramos de uma videira (Jo 15.1) e não na velocidade e instantaneidade de hambúrgueres de fast-food. A paciência e a espera é alimento para a alma, pois o amadurecimento espiritual cresce no solo fértil da paciência.
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¹ Metáfora retirada do livro: A Treliça e a Videira, Colin Marshall e Tony Payne.