Como terminar bem a carreira da fé?
O ano de 2024 é um período importante para o esporte mundial, estamos prestes a viver os jogos olímpicos de Paris. Se você gosta de esportes é um tempo onde nós prestigiamos atletas nacionais, choramos e nos alegramos com cada conquista. É nos jogos olímpicos também que descobrimos esportes aos quais nunca tínhamos ouvido falar, quase todos os países do mundo são representados nos jogos olímpicos, é como se fosse uma “festa de pentecostes” dos esportes.
Os jogos olímpicos são competições esportivas muito antigas, na época do apóstolo Paulo esses jogos já aconteciam. Apesar de não haver nenhuma menção direta aos jogos olímpicos na Escritura os estudiosos afirmam que na época em que Paulo estava cuidando da igreja de Deus em Corinto estavam acontecendo os jogos ístmicos.
Na antiguidade existiam dois tipos de jogos principais, os jogos olímpicos e os jogos ístmicos, estes jogos ístmicos aconteciam a cada dois anos em uma região vizinha a cidade de Corinto e só perdiam em importância para os jogos olímpicos. Provavelmente este é o motivo do ofício de Paulo em Corinto, um fazedor de tendas. Na época dos jogos ístmicos a cidade de Corinto recebia muitos visitantes dos jogos esportivos. Na antiguidade não existia rede hoteleira organizada para receber uma quantidade substancial de turistas, desta forma as tendas fabricadas eram vendidas para aqueles que buscavam hospedagem.
O apóstolo Paulo era um homem muito sensível às culturas que estava inserido, tanto aquela que ele pertencia de nascimento, como também àquelas que lhe era necessário estar devido ao seu ministério de plantação de igrejas. Aproveitando o “espírito esportivo” da região onde estava Paulo utilizava metáforas esportivas em suas epístolas para descrever realidades espirituais.
“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. 26 Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. 27 Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1 Coríntios 9.24–27)
Paulo compara a jornada cristã como uma corrida. Numa corrida importa chegar ao final. Numa corrida não importa começar bem e terminal mal. Se você começou em primeiro lugar e chegou em último, de nada adianta. Numa corrida importa a perseverança, onde o maior adversário é você mesmo.
A maratona é uma corrida longa e desgastante onde você como corredor não pode usar todas as suas energias no começo, se não, você não vai ter forças para finalizá-la. É preciso estudar o percurso, as ladeiras, as descidas, onde que você poderá aumentar o ritmo e onde deverá diminuir. A jornada cristã é como uma maratona.
A DISCIPLINA COMO UMA EXIGÊNCIA NECESSÁRIA AOS VENCEDORES.
Para correr bem é necessário preparação e disciplina. Ninguém começa a correr uma corrida de 30 km sem nunca ter feito uma caminhada. Nenhum atleta amador começa a correr com profissionais de um dia para o outro. É aos poucos que o atleta vai construindo condicionamento físico e se preparando para as competições mais importantes, a preparação exige disciplina, treinos regulares , alimentação regrada, bom sono e até disciplina no convívio social. Muitos aniversários de amigos e familiares são perdidos e relacionamentos amorosos são prejudicados devido à preparação esportiva. Atletas de alto nível fazem grandes renúncias para conquistar seu objetivo: o maior lugar no pódio.
Tudo isso acontece no mundo do esporte. O apóstolo Paulo diz que estes atletas correm por uma coroa corruptível. No entanto, os cristãos por uma coroa incorruptível. Notemos, se o prêmio para os atletas de alto nível é perecível e mesmo assim estes fazem todo o sacrifício necessário, por que com o prêmio celestial seria diferente? Se os louros da vitória para os que chegam até o final da maratona cristã é um prêmio incorruptível, por que a renúncia seria menor? Por que a disciplina não existiria?
A VIDA ESPIRITUAL COMO DISCIPLINA ESPIRITUAL
A jornada cristã é uma maratona espiritual de alto nível. A disciplina não é algo que fazemos apenas quando nos sentimos bem ou quando temos vontade. Disciplina é algo que precisa ser feito e pronto. Da mesma forma, as disciplinas espirituais. É como comer, beber e tomar banho, todo o dia precisa ser feito. Disciplinas espirituais deve ser prioridade, não as negocie. De forma não exaustiva as disciplinas espirituais podem ser resumidas em: Leitura e meditação regular da Bíblia, oração, jejum, confissão de pecados, prática da introspecção e etc. Desta forma, a jornada cristã será completada a partir da prática regular, disciplinada e inegociável destas práticas devocionais.
Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. (Atos 20.24)
Semelhantemente a um atleta de alto nível, o apóstolo tem apenas um único objetivo: completar a carreira. A jornada é uma corrida longa e não 100 metros rasos. Do mesmo modo ao que acontece com atletas de alto desempenho, na carreira cristã há exigência, renúncia e abnegação. Tudo isso é necessário para começar e terminar bem a maratona cristã.
Notemos as recomendações apostólicas direcionadas ao jovem Timóteo, no relato há recomendações específicas sobre piedade pessoal realizada com disciplina:
Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis.
Ordena e ensina estas coisas. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. (1 Timóteo 4.6–16)
Na segunda carta à Timóteo o mesmo “tom” permanece, em seus últimos dias de vida o apóstolo Paulo utiliza metáforas esportivas para ilustrar as verdades espirituais do desempenho cristão:
Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar (competir) segundo as normas. (2 Timóteo 2.3–5).
“Naquele dia” era uma alusão aos últimos dias dos jogos esportivos, quando presumivelmente, os prêmios eram entregues aos vencedores. Cristo aqui está sendo comparado ao árbitro que no final avalia o desempenho dos atletas e julga se estes merecem ou não o prêmio.
Os atletas da antiguidade participavam de uma cerimônia antes dos jogos esportivos onde se fazia um juramento de competir honestamente. De modo igual, Paulo ao chegar no fim de sua carreira, afirma que manteve o juramente combatendo bem o combate da fé, não diluindo a mensagem do evangelho que lhe confiada por Cristo, antes, convida o jovem Timóteo a participar juntamente com ele dos sofrimentos inerentes à causa da verdade em um mundo caído.
Os últimos escritos do apóstolo refletem a certeza do prêmio que lhe estava proposto na eternidade:
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. (2 Timóteo 4.7–8)