Eu sou fraco, mas Deus é forte.

Matteus Almeida
4 min readSep 29, 2023

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Aprendi com Paulo que são nas fraquezas e incapacidades do indivíduo que Cristo é manifestado. É no meu não saber fazer. É naquilo que não sou bom, que vejo a Graça. Nas minhas ausências e limitações.

Por isso, o Evangelho funciona eficazmente e misteriosamente para os que nada são e que nada tem, para envergonhar os que acham que são e que muito possuem.

O evangelho é o lugar onde as incapacidades são capacitadas, as fraquezas são fortalecidas, ausências são preenchidas, limitações completadas e inabilidades habilitadas.

É no “não ser”, que vejo o Cristo. É quando não sei, quando não estou pronto que O vejo de forma mais clara e inequívoca. Parece que é assim que o Evangelho faz questão de irradiar com mais fulgor e beleza. Talvez esta é a beleza e a glória do ser fraco.

Cada vez mais que conheço o Evangelho vejo o quanto aquilo que o mundo valoriza não tem valor nenhum no Reino de Deus.

Ao invés de fazer uma lista de tudo aquilo que sabia fazer, o apóstolo Paulo gloria-se na sua fraqueza. Será que não tinha outra coisa melhor para se gloriar não? A capacidade intelectual acima da média, o desprendimento, a educação rabínica, a vocação celestial, os sacrifícios pessoais em prol dos irmãos, das igrejas, e por que não, pelo próprio Cristo? Ou seja, por que não gabar-se naquilo que era bom? Por que não orgulhar-se naquilo que de fala ele sabia fazer? O que haveria de mal em ser sincero acerca de suas habilidades pessoais?

Portanto, se devo me orgulhar, prefiro que seja das coisas que mostram como sou fraco (2 Coríntios 11.30).

Orgulhar-se das próprias fraquezas, incapacidades e miserabilidade não é um marketing reverso. Paulo não diz isso querendo dizer no fundo o contrário do que disse. Paulo está sendo extremamente sincero, honesto e consciente de si mesmo.

Porque é à medida de minhas limitações, desconcertos e incapacidades que acontece o aperfeiçoamento prometido pelo Evangelho.

Por vezes, temos a tendência de fazer um recorte da realidade bastante equivocado. Colocamos uma capa de “super héroi” no apóstolo exaltando as suas conquistas e virtudes. Mas veja o que ele diz sobre si mesmo e seus feitos:

Porque eu sou o menor dos apóstolos, e nem mesmo sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã. Pelo contrário, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. (1 Coríntios 15.9–10).

Assim como o “Super Paulo” foi reduzido a nada, você também será. A obra do Evangelho vai mostrar diariamente as tuas incapacidades, inaptidões e o quanto você é inapropriado. A obra do evangelho será sempre um desafio insuperável e impossível para seres finitos como nós. Enquanto a minha força própria não se esvair não haverá como a força divina se manifestar.

As aptidões pessoais de Paulo tinham valor e espaço na obra pessoal dele pré-conversão, enquanto trabalhava perseguindo Cristo e sua Igreja. Contudo, após o encontro na estrada para Damasco tudo é invertido.

Paulatinamente os valores são trocados e aquilo que era mais valorizado perde todo o encanto e poder. Agora em Cristo, é a fraqueza que precisa ser evidenciada. A força pessoal e suposta “perfeição humana” fica para os fariseus, para o trabalho realizado no mundo.

Todos os sermões necessários não serão pregados, todas as visitas nunca serão feitas, todas as crianças não serão assistidas, todos os estudos bíblicos não serão construídos, todos os aconselhamentos não serão realizados. Isto é, sempre haverá uma ausência do humano, para que exista a manifestação da presença do divino. O ministério é sempre realizado na falta humana, porque é ali que se manifesta a abundância divina. É na falha do homem, que se descortina a perfeição de Deus.

Do que você acha que precisa? A graça basta!

E, para que eu não ficasse orgulhoso com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte. Três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: “A minha graça é o que basta para você, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte. (2 Coríntios 12.7–10)

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Matteus Almeida

Missionário no Sertão Cearense. Uso o Medium para salvar os meus sermões e reflexões.