O caminho, a verdade e a vida.

Matteus Almeida
9 min readMar 20, 2023

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O discurso de Jesus em João 14.1–14 é um discurso de despedida, são os últimos momentos do ministério de Jesus na terra e o Nosso Senhor deixa com os seus discípulos palavras importantes de encorajamento. Pense comigo, o que você falaria em seus últimos momentos? Certamente você diria aquilo que julgaria ser mais importante, o que de fato deveria ser lembrado por aqueles que você ama. Assim fez Cristo, transmitiu palavras reconfortantes para os seus amigos.

Não se pertubem o vosso coração.

Em um mundo quebrado não faltam motivos para que vivamos em angústia e sofrimento, inúmeras são as circunstâncias que militam contra a nossa paz. Por isso, Jesus antevê os sofrimentos que os seus discípulos passariam por amá-lo e permanecer no caminho. Cristo avisa de antemão que dores e tribulações fazem parte da jornada e que eles precisariam manter a sua fé firme em Deus. A fé é o único remédio suficientemente poderoso para conceder paz espiritual em circunstâncias adversas. Crer mais profundamente, descansar sem restrições, apegar-nos com mais
firmeza, depender mais completamente — esta é a receita que nosso Senhor
prescreve a todos os seus discípulos.

Apesar de toda a permanência de Jesus com os seus discípulos, ministrando diariamente em uma escola da vida real, ainda restava dúvidas sobre o caráter fundamental do ministério, identidade e missão de Cristo na mente dos seus seguidores.

A indagação é como saber o caminho. Jesus estava com eles durante tanto tempo, vivendo, ensinando o Caminho do Pai com a própria vida, contudo a dúvida ainda persistia.

Na casa de meu Pai há muitas moradas.

Na casa do Pai de Jesus há muitas moradas. Jesus preparará um lugar para seus seguidores (14.2–3). Num paralelo apropriado em Lucas, Jesus afirma que seus discípulos serão recebidos nos “tabernáculos eternos” (Lc 16.9). A afirmativa reconfortante de Jesus em 14.3 — “virei outra vez e vos levarei para mim, para que onde eu estiver vós também”. Aqui é dito que Jesus, o noivo messiânico (3.29), antes preparará lugar para os seus na casa do Pai virá a fim de levá-los para casa com ele.

Em poucas palavras, o céu é um lar: o lar de Cristo e de seus seguidores. Esta é uma afirmação agradável e emocionante. O lar, como todos nós sabemos, é um lugar onde geralmente somos amados pelo que somos, independendete de nossas capacidades ou bens; o lugar onde somos amados até o fim, onde jamais somos esquecidos e sempre bem-vindos.
O céu é um lugar de “moradas” eternas e permanentes. Estar neste corpo para nós significa viver em tendas, tabernáculos e pousadas. No céu, estaremos acomodados para sempre e de lá nunca sairemos. Os crentes se encontram agora em terra estranha. No porvir, eles estarão em casa. “Na verdade, não temos aqui cidade permamente, mas buscamos a que há de vir.” (Hb 13,14). Nossa cidade, não feita por mãos humanas, jamais será destruída. O céu é um lugar preparado para um povo especial, o lugar
que Cristo mesmo preparou para os verdadeiros crentes. Ele o preparou ao assegurar a todo pecador que nEle crê o direito de entrar ali. Aqueles que vão para o céu descobrem ali que eram bem conhecidos e esperados.

O caminho.

Jesus é caminho, o caminho para o céu e a paz com Deus. À semelhança de Moisés, Jesus é o único que guia, instrui e outorga a sua lei. Ele mesmo é a porta, a escada e o caminho pelo qual devemos nos achegar a Deus. Através da satisfação que realizou na cruz, o Senhor Jesus abriu o caminho à árvore da vida; caminho que havia sido fechado quando Adão e Eva caíram em pecado. Por intermédio do sangue de Cristo, podemos ter acesso à presença de Deus e nos aproximar dEle com confiança.

Jesus falou aos homens com franqueza e honestidade a respeito do que podiam esperar quanto a glória e dor se eles se propunham segui-lo. Não era um líder que tentava enrolar os homens, prometendo um caminho fácil; buscava desafiá-los para que obtivessem a grandeza. Jesus vai adiante, vai nos preparar um lugar, abre o caminho para que possamos tomar e seguir os seus passos. Uma das palavras mais importantes que se empregam para descrever Jesus é pródromos (Hebreus 6.20), algumas versões traduzem por precursor.

No exército romano o pródromos eram as tropas de reconhecimento. Iam na frente do grosso da tropa para queimar o atalho e assegurar-se de que as tropas podiam seguir por ele sem perigo. Era muito difícil se aproximar de muitos portos inimigos. Quando chegavam os grandes barcos enviava-se um pequeno bote piloto para guia-lo. Esse bote ia adiante do barco e os barcos o seguiam com o passar do canal até chegar as águas que não
apresentavam nenhum risco. Esse bote era o pródromos. Foi isso que Jesus fez, abriu o caminho que leva ao céu e a Deus para que nós possamos seguir os seus passos. Disse: “Ainda por um pouco de tempo estou convosco e depois irei para junto daquele que me enviou.” (João 7:33). Disse-lhes que ia para o Pai que o enviou e com quem era um; entretanto, os discípulos ainda não entendiam o que sucedia. Menos ainda podiam entender o caminho pelo qual transitava Jesus, porque esse caminho era a cruz. Neste momento, os discípulos eram homens afligidos e incapazes
de compreender.

Nessas palavras, Jesus tomou três das concepções principais da religião judaica e fez a tremenda afirmação de que nele as três alcançavam sua realização e expressão totais. Os judeus falavam muito sobre o caminho que deviam tomar os homens e os caminhos de Deus. Deus disse a Moisés: “Cuidareis em fazerdes como vos mandou o SENHOR, vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita, nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o SENHOR, vosso Deus” (Deuteronômio 5:32–33).
Moisés disse ao povo: “Sei que, depois da minha morte, por certo, procedereis corruptamente e vos desviareis do caminho que vos tenho ordenado” (Deuteronômio 31:29). Isaías havia dito: “Os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.” (Isaías 30:21). No mundo novo haveria uma estrada chamada o Caminho de Santidade. Nela, os caminhantes, por simples que fossem suas almas, não se extraviariam (Isaías 35:8). O salmista orou: “Ensiname, SENHOR, o teu caminho” (Salmos 27:11). Os judeus sabiam muito sobre o caminho de Deus que o homem devia seguir. E Jesus disse: “Eu sou o caminho”.

Vamos imaginar que estamos em uma cidade desconhecida e pedimos informações, e alguém diz: “Pega a rua direita, a segunda a esquerda, continua reto, passa na frente da praça e depois entra na terceira rua a direita.” Provavelmente iremos nos perder. Agora, se alguém diz: “Vamos, eu te levo lá” Nesse caso, a pessoa é o caminho e não podemos nos perder. Isso é o que Jesus fez por nós, não se limita a dar conselhos e indicações,
nos pega pela mão e nos guia, vai com a gente, nos fortalece, dirige todos os dias os nossos passos. Ele não nos indica o caminho, Ele é o caminho.

A verdade.

Jesus é a verdade. Sem Ele, o mais sábio incrédulo tateia em densas trevas e nada sabe a respeito de Deus. Antes de Jesus vir ao mundo, mesmo os judeus viam obscuramente “como por espelho”.

O salmista disse: “Ensina-me SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade” (Sl 86.11) e “Pois a tua benignidade, tenho-a perante os olhos e tenho andado na tua verdade” (Salmo 26:3). e mais: “Escolhi o caminho da verdade” (Salmo 119:30). Há muitos que nos disseram sobre a verdade, mas nenhum foi a encarnação da verdade. A verdade moral não se pode transmitir unicamente em palavras, deve-se transmiti-la com o exemplo. O ensino deve ser acompanhado com o exemplo. Uma pessoa egoísta que prega o valor da generosidade, uma pessoa dominante que ensina a beleza da humildade, alguém assim com certeza não vai ter êxito. Muitos
homens poderiam dizer: “Ensinei-lhes a verdade.” Jesus era o único que podia afirmar: “Eu sou a verdade.” Jesus é a Verdade de Deus e devemos proclamar essa verdade absoluta. Cristo é a Verdade de Deus. “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. É um caráter exclusivista da salvação, há apenas uma verdade, em nossa sociedade moderna, um discurso com esse tom, “a verdade” para as pessoas soa egoísta, absolutista, verdade absoluta, se não existe uma verdade absoluta a qual rege todas as outras coisas, tudo é mentira, afinal se qualquer verdade pode ser verdadeira, nenhuma é.
O Argumento cristão é que a Verdade é Cristo. E todas as outras coisas são
interpretadas a partir dessa verdade, todas as outras coisas foram feitas por ele e sem Ele nada do que foi feito se fez. “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12).

A vida.

Jesus é a vida. Aquele que crê em Jesus tem a vida eterna. Aquele que crê em Jesus, ainda que morra, viverá. Jesus é a fonte da vida. “Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; e as repreensões da
disciplina são o caminho da vida” (Provérbios 6:23). “Tu me farás ver os caminhos da vida”(Salmos 16:11). Não apenas a existência, mas uma plenitude de vida em perfeita realização com o propósito de Deus. No fim das contas, o que os homens buscam é a vida. A plenitude humana, encontrar aquilo que faça a vida valer a pena. Jesus é vida autêntica. Ele
é a própria fonte de tudo o que é belo, justo, santo e bom. Em um dos trechos do evangelho Jesus diz: Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8.35–36) É somente em Jesus que encontramos o verdadeiro sentido da vida. Perder uma vida para achar a Vida. É em Cristo que entregamos tudo desta vida para ganhar algo muito mais excelso.

Ninguém vem ao Pai, senão por mim.

Ninguem vem ao Pai, senão por mim. Deus é imensamente santo, e todos os homens são devedores e culpados diante dEle. Tem de haver um mediador, alguém que pague a dívida, um redentor entre nós mesmos e Deus, ou jamais seremos salvos. Existe somente uma porta, um acesso, uma escada entre a terra e o céu — o Filho de Deus crucificado. Quem entrar por essa porta será salvo; mas para aqueles que se recusam a
adentrá-la a Bíblia não oferece qualquer esperança. Espírito da Verdade. Este é o seu ofício particular: aplicar a verdade aos corações dos crentes, a fim de guiá-los em toda a verdade e santifica-los por intermédio da verdade. O mundo não pode receber… nem o conhece. As atividades dEle, no sentido mais amplo, são loucura para os homens incrédulos. O arrependimento, a fé, o temor, a esperança e o amor, os quais o Espírito Santo produz, são os aspectos da vida espiritual que o mundo não pode entender.

E há uma maneira de expressar tudo isto. “Ninguém vem ao Pai”, disse Jesus, “senão por mim”. Jesus é o único caminho que conduz a Deus. Só nele vemos como é Deus, temos acesso a Deus. Ele é o único que pode mostrar Deus aos homens e o único que pode conduzir aos homens à presença de Deus sem temor nem vergonha.

Em um mundo encharcado de desespero, com pessoas aflitas correndo atrás de algo que lhes dê propósito para a vida, Jesus é a nossa esperança. Em um mundo que onde quer que procuremos ajuda saímos mais desesperançados ainda. Só Jesus pode nos conceder esperança na vida, na morte e na eternidade. Jesus é a nossa esperança na vida, pois o sentido da vida não está nos prazeres, nem no dinheiro; o sentido da vida não está no sexo nem na fama. O mundo e seu glamour não podem dar sentido à
nossa vida. Jesus é nossa esperança na morte. Muitas pessoas têm medo de morrer. Jesus venceu a morte. Ele é a nossa esperança na eternidade, nosso endereço final não é um túmulo gelado, habitaremos novos céus e nova terra e reinaremos com Cristo para sempre.

A nossa esperança não é um conceito, simplesmente uma ideologia, algo teórico, nem um sentimento, não é uma porção de riquezas! A nossa esperança é uma Pessoa! Compreendemos então que desta esperança não se deve dizer só a razão teórica, com palavras, mas sobretudo com o testemunho da vida, e isto deve acontecer quer no âmbito da comunidade cristã, quer fora dela. Se Cristo está vivo e habita em nós, então devemos também deixar que se torne visível, sem escondê-lo, e que aja em nós.

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Matteus Almeida
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Written by Matteus Almeida

Missionário no Sertão Cearense. Uso o Medium para salvar os meus sermões e reflexões.

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